Por De São Paulo
Executivos que comandam grandes empresas brasileiras estão menos apreensivos no momento com o ritmo lento da recuperação econômica do que com um problema típico de uma economia que opera a plena capacidade: a falta de mão de obra. Empresários presentes à cerimônia de entrega do prêmio “Executivo de Valor”, ontem, em São Paulo, apontaram a disponibilidade de pessoal e sua qualificação como as maiores “preocupações imediatas” em lista de seis itens, que incluía demanda fraca, inflação, câmbio, custo do crédito e inadimplência.
Na petroquímica Braskem, o projeto de crescimento e internacionalização fez a mão de obra subir ao topo dos temores. Carlos Fadigas, presidente, afirma que esse já seria um problema crítico em qualquer circunstância. “Como vivemos uma época de pleno emprego, a disputa natural entre as empresas pelos melhores talentos torna-se mais acirrada e pressiona os salários para cima, o que torna a questão dos recursos humanos ainda mais relevante”. Por isso, sugere que o governo siga desonerando o custo da mão de obra.
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O presidente da CCR, Renato Alves Vale, aponta a formação de mão de obra como uma carência inquietante, não só para garantir a capacidade de a empresa ter sucesso em um ambiente de crescimento, mas também assegurar a criação de lideranças. Fabio Schvartsman, diretor-geral da Klabin, afirma que o quadro de escassez de trabalhadores é mais agudo em serviços para construção. “Ele afeta custos de manutenção de nossas fábricas e encarece sobremaneira a implantação de novos projetos”, diz.
O problema atinge maior relevância quanto mais se sobe na escala de especialização. “O setor de TI demanda mão de obra em larga escala e a velocidade da formação de técnicos nos próximos anos será inferior à necessidade das empresas”, aponta Laércio Cosentino, executivo-chefe da Totvs, maior companhia de software de capital nacional. “Continua um problema encontrar profissionais com experiência em engenharia. É uma questão desafiadora”, diz o presidente da Vale, Murilo Ferreira.
Além da mão de obra, demanda fraca e câmbio apareceram como grandes preocupações de curto prazo – ainda mais intensas no caso das empresas ligadas ao comércio exterior.
O esforço do governo da presidente Dilma Rousseff para baixar os juros recebeu apoio unânime dos empresários ouvidos pelo Valor.